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BIOGRAFIA

Nascida no Estado de Minas Gerais, em 7 de agosto de 1894, Maria Martins foi uma importante escultora, desenhista, gravurista, pintora, escritora e musicista brasileira.



“É um erro clássico achar que a arte moderna tem que pertencer a um estilo”. Disse a escultora ao responder sobre o seu relacionamento com o movimento surrealista. Maria é uma mulher da década de 30, que se divorcia na juventude e se casa novamente com um diplomata, Carlos Martins, que a faz viajar pelo mundo. Aqui, já é perceptível sua identidade vanguardista, escandalosa para o seu tempo, afinal na época o divorcio não era tão comum.

Maria Martins em seu ateliê, em Paris, 1950, cercada das esculturas O Impossível (a mais famosa, à esq. da artista, na foto), However, Pourquoi toujours.

 “A sexualidade dela (Maria Martins) não era aquela francesa, meio tímida exaltada na época, era invasiva e provocadora, que te engolia” Miguel Rio Branco, artista e fotografo.

A aproximação com o budismo numa viagem para o Japão fez com que ela compreendesse que existir era fazer a diferença. Um lugar que ela via como refúgio da paz espiritual. Aqui, começa o interesse espiritual e lúdico de Maria pelos mitos e religiões orientais.

O diplomata por sua vez vira embaixador do Brasil em Bruxelas e Maria começa a possuir o papel de “embaixatriz” do qual ela nunca pediu para ser. Nora Martins conta que sua mãe nunca tinha os mesmos interesses que as outras embaixatrizes. Elas se encontravam em grupos para aprender jardinagem, culinária, costura, além de outros “funções” ditas como femininas para a época. Num desses encontros, Maria conheceu um escultor, do qual as outras embaixatrizes não tiveram o mesmo apelo que ela.

Maria sai do Brasil em 1926 e estuda escultura em Bruxelas, mas sempre tentando ter um diálogo com a sua brasilidade. Obra “Refugiada”, retrata a relação de incongruência da Europa com ela, o sentimento de saudade e não pertencimento do qual ela sentia em relação aquele continente, ao mesmo tempo se identificando minimamente com os refugiados de guerras e dos governos totalitários da época.

Fracassa numa exposição na França e parte para Washington com o marido, que agora é embaixador do Brasil.

Tempos depois, Maria foi para Nova York, deixou o marido em Washington, para estudar escultura e trabalhar em seu atelier. Um ato muito vanguardista para uma mulher casada com um homem importante. É em Nova York que Maria entra em contato com os surrealistas exilados da Europa.

O contato com os surrealistas foi perfeito para refinar o seu conceito a partir das suas esculturas. Ela reconhece que suas obras produzem grande impacto nas pessoas, afirmando que seus “monstros e deusas” não são tão admirados pelo senso comum “vocês esquecem que eu sou dos trópicos e de mais longe ainda” famosa frase da artista que dá nome a um documentário sobre a sua vida.

Ela teve um grande reconhecimento para o mundo artístico na década de 1940. Nessa mesma época estudar com um cartunista na década de 40, Maria começa a fazer gravuras que remetiam a suas obras físicas. Teve aulas também com um escultor lituano Jaccques Lipchiz.

Duchamp veio para os Estados Unidos, conhecendo os surrealistas refugiados, nisso conhece a embaixatriz Maria Martins. Esses artistas estavam em sua maioria no atelier de Maria em Nova York. Apesar de muito diferentes eles se relacionam como artistas e amantes. Ela é modelo nudista de dele como em obra “Please Touch” do Duchamp e na sua última obra “Étant Donnés”. Acredita-se que ela e seu marido tinham um relacionamento aberto na época, ainda assim, Duchamp e Maria Martins apenas eram vistos como casal dentro do grupo de amigos dos surrealistas.

Duchamp, numa das suas galerias faz questão de posicionar a obra “Yara” de Maria Martins numa varanda do lado de fora do museu, como se ela observasse de longe, mas estivesse ali presente nas suas obras. É nessa mesma galeria que está “Étant Donnés”, obra da qual ela serviu como modelo de vulva.


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Duchamp e Maria Martins em uma rara foto que aparecem juntos.

Maria vivia num mundo separado: a embaixatriz e a artistas. Retratando também o papel ambíguo de casada e amante. Ela e Carlos, seu marido, foram para Paris, se sentindo isolados da vida perfeita de Nova York e da sua recente separação de Duchamp. Ela se mudaria para o Brasil e faria sucesso na sua exposição.
Ela chega no Brasil em 1950 com essas formas metamórficas, recebendo críticas violentas como “excesso de personalidade” (crítica de Pedro Pedrosa) e obscena. Em 1956, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, teve inclusive que publicar um texto defendendo a liberdade de expressão do artista. Maria era vista como uma dama casada com um aliado a Getúlio, seu erotismo canibal choca a crítica patriarcal brasileira.
Ganha prêmios na segunda e terceira bienal de São Paulo. Ela auxilia na montagem da coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Sua última exposição até o momento foi uma retrospectiva de seu trabalho no MAM do Rio de Janeiro.
“A qualidade e radicalidade de sua obra são motivos que a tornam a maior escultora brasileira da primeira metade do século 20” diz o crítico Paulo Herkenhof. “Maria foi uma das primeiras artistas brasieleiras a experimentar o caminho da sexualidade nas artes plásticas.”
Maria Martins no fim de sua vida, escreve sobre o Oriente e Nietzsche, de forma que reflete bastante suas paixões nos mitos das religiões e, em contrapartida, da filosofia niilista.

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Maria Martins também teve sua participação na construção de Brasília.

A casa do Barão em Petrópolis foi onde Maria passou o final de sua vida, Luiz Phillipe (seu neto) se lembra de ajudar a sua vó na confecção das obras e dela fumando charuto em meio a um campo de rosas. As memórias são translúcidas e vagas.

Maria Martins foi um ícone feminista para a história da arte dos 1930, assim como Frida Kahlo. Ela é uma hidra, uma figura brasileira de uma força extraordinária que desemboca inspirações em modernistas posteriores como Lygia Clark entre outros.

Ainda assim, há uma tendência em valorizarmos aqueles que estão no topo e apagar histórias e símbolos importantes como essa mulher. É uma pena que grandes ícones vanguardistas sejam apagados por críticas conservadoras, que menosprezam os atos de revolucionários.

"Pouco importa essa ou aquela forma de expressão desde que o artista transmita a mensagem que é sua e em seu idioma próprio, e não use essa espécie de 'modismo', muitas vezes responsável pela grande pobreza de artistas de real valor. Para melhor me explicar diria que, para mim, quando em uma pintura ou escultura ressalta à primeira vista a escola ou movimento a que pretende filiar o seu autor, sem que tal escultura ou tal pintura desperte maior interesse de admiração ou mesmo de repulsa, essa obra não passa de 'modismo' e morrerá, ainda que conheça sucesso momentâneo". MARTINS, Maria. Maria. Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna, 1956.

Fragmento retirado do texto defendendo a liberdade de expressão do artista. Desde essa época, Luiz Martins busca conseguir a reforma da casa pelo Estado e a recuperação das obras que foram roubadas. Além disso, segundo uma das matérias do jornal Tribuna de Petrópolis, pode-se atribuir a Maria os mosaicos localizados na parte externa na casa, ao visitar a casa foi encontrado um mosaico que se acredita ser o mencionado na matéria.



Fonte:


Leitura complementar:

Documentário:

  • “Maria, Não se Esqueça que Eu Venho dos Trópicos”

Maria Martins vida: Recursos
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